Realizado na quarta-feira, 13, via plataforma Teams, o quarto encontro promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) em comemoração aos 30 anos do Programa Atuação Responsável (AR) no Brasil teve como tema “Acidentes rodoviários com produtos químicos perigosos – como mitigar efeitos e impactos”.
Andréa Carla Cunha, Diretora de Assuntos Técnicos da Abiquim, fez a abertura do evento destacando a redução ao redor de 60% dos acidentes envolvendo o transporte de produtos químicos desde a implantação do AR no Brasil. A executiva mencionou ainda algumas ferramentas da Abiquim, como o Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (SASSMAQ), que certifica transportadores, ampliando os parâmetros de segurança no transporte, estocagem e distribuição de produtos químicos, e o Pró-Quimica, um serviço de utilidade pública 0800 e 24 horas, que atende em todo o País informando os procedimentos de transporte e manuseio de produtos químicos, inclusive nas emergências, podendo ser utilizado gratuitamente por empresas, profissionais e população em geral.
A seguir, o coronel Gilberto Tardochi da Silva, Coordenador da Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, falou sobre a atuação da comissão, criada em 1999 com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes, e diminuir os impactos causados às pessoas e ao meio ambiente. A Comissão é composta por entes públicos e privados, como a Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), Polícia Militar, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outros. Dividida em grupos de trabalho e subcomissões em várias regiões do Estado, suas ações envolvem a elaboração de planos de emergência, análise de acidentes, levantamento de estatísticas, realização de blitz etc.
Segundo o coordenador do grupo, o modal rodoviário é o principal escoador de produtos no País. Só pelas estradas paulistas transitam mais de 3 mil produtos perigosos diariamente, sendo 70% líquidos combustíveis. Os dados apresentados mostram que no Estado de São Paulo os acidentes com produtos químicos ocorrem predominantemente nas rodovias Raposo Tavares, Castelo Branco e no Rodoanel Mário Covas. Em 2021, os acidentes foram ocasionados em grande parte por avarias mecânicas nos veículos (40%) e por colisão/choque (17%).
As recentes revisões das normativas para o atendimento a emergências no transporte foram o tema da palestra de Mauro de Souza Teixeira, gerente de atendimento a emergências químicas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Ele apresentou dados indicando que no período de 1978 a 2021 houve uma predominância no atendimento de emergências decorrentes de transporte rodoviário (46,3%), um reflexo também da dependência e predominância desse modal no País.
Segundo Teixeira, parte do trabalho desenvolvido pela Cetesb inclui ações preventivas e corretivas, desenvolvidas em colaboração com outras entidades, a exemplo da Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, da qual a Cetesb é integrante. Esses trabalhos se convertem muitas vezes em normas técnicas como a NBR 14064, que estabelece as diretrizes para o atendimento a emergências, e o projeto de criação de uma norma pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destinada a padronizar e tornar mais seguras as chamadas “bocas de visita” de caminhões-tanques, dispositivos que causam acidentes por nem sempre evitar vazamentos de produtos químicos.
Finalizando a rodada de palestras, Jorge Carrasco, Diretor Técnico do Grupo Ambipar nos Estados Unidos, falou sobre a realidade americana em termos de acidentes rodoviários com produtos químicos. A Ambipar é especializada em gerenciamento de crises e atendimento a emergências que afetem a saúde, meio ambiente e o patrimônio. Segundo Carrasco, nos EUA a quantidade de emergências anuais é menor que a de muitos países, um reflexo, entre outros fatores, da qualidade das rodovias. California, Texas e Flórida são os estados com mais rodoviários, não necessariamente envolvendo produtos químicos. Entre as principais causas de acidente estão o extrapolamento do limite máximo de carga, a falta de manutenção dos veículos e conduto arriscada dos motoristas (como dirigir com sono).
Carrasco elencou pontos estratégicos que contribuíram para a melhoria do cenário de acidentes rodoviários nos EUA: avaliar permanentemente as condições das rodovias; estabelecer normas e procedimentos; rever o treinamento de condutores e dos órgãos socorristas; rever o procedimento de carga e descarga nos terminais para eliminar os riscos de vazamentos (padrão “gota zero”).
Assim como nos demais encontros, a live foi encerrada com uma rodada de perguntas e bate-papo entre os palestrantes, desta vez com a mediação de João Ricardo Pacheco, Gerente de Saúde e Segurança do Trabalho Corporativo da Oxiteno.
A próxima live da série em comemoração aos 30 anos do Programa Atuação Responsável no Brasil ocorrerá no dia 20 de julho com o tema “Novos Modelos de Trabalho Pós-Pandemia”.
Clique aqui para conferir o webinar “Acidentes Rodoviários com Produtos Químicos Perigosos” na íntegra.
Fonte: Site CRQ – IV Região