Foi descartada existência de césio ou qualquer outro material radioativo num bloco de cabeçote de raio-X de equipamento odontológico encontrado em Anápolis
Por VÂNIO LIMIRO
Um especialista da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) afirmou que o material suspeito encontrado em um galpão de Anápolis, na tarde da última sexta-feira (19), não é radioativo. O objeto analisado é um bloco de cabeçote de raio-X de equipamento odontológico.
De acordo como coordenador Nacional da CNEN, Valter Mendes Ferreira a hipótese de ser césio já estava descartada pelo fato de não conter fonte radioativa no cabeçote. Ele explica que o material foi levado pela Comissão, até mesmo para evitar a disseminação de fake news.
“Para diminuir esse impacto psicológico; de que não é nada, não é material radioativo, o procedimento do sistema de emergência é recolher esse material para evitar esse tipo de coisa”, afirmou Ferreira.
No local onde foi encontrado o objeto funciona hoje um ferro velho. Na tarde da sexta-feira os bombeiros foram acionados pela polícia, após receber a denúncia de que haveria uma arma no local, e, durante as buscas, o bloco de cimento foi encontrado.
Inicialmente, houve até a suspeita de que uma moradora do local estaria armazenando no galpão uma cápsula de Césio-137, num envoltório de concreto, onde estava a máquina de raio-X. Segundo informações preliminares do Corpo de Bombeiros, a mulher é catadora de materiais recicláveis. Os bombeiros chegaram a isolar a rua onde fica o galpão e a casa da mulher, localizada na Rua 2, no Bairro Vila Santa Isabel.
Com a suspeita de que o material pudesse ter algum elemento químico ou radiológico, a corporação chamou a Companhia Ambiental de Operações Com Produtos Perigosos, que é especializada nesse tipo de ocorrência, e acionou a CNEN.
O CNEN afirmou que a medição, realizada ainda na sexta-feira, apontou que no bloco de concreto que envolvia o material foi encontrado apenas o equivalente à taxa de radiação de fundo, inerente ao meio ambiente.
A equipe especializada chegou ao local por volta de 16h20 e fez uma medição. Segundo o tenente coronel Altieri, comandante do Corpo de Bombeiros em Anápolis, o material foi levado ao CNEN para averiguações detalhadas, mas a equipe já concluiu que não há nenhum risco de o objeto ter transmitido qualquer tipo de radiação.
O Corpo de Bombeiros informou ainda que equipes especializadas em produtos perigosos utilizaram o detector FAG para medir se existia a presença de radiação ionizante no local.
Por volta de 17h20, as equipes deixaram o local e tiraram o isolamento da área.
Triste lembrança
O episódio trouxe de volta as lembranças do acidente radiológico ocorrido em Goiânia em 1987, quando dois catadores de material reciclável encontraram um aparelho em um prédio abandonado, que já havia sido uma clínica de radiologia, e que resultou no maior acidente radiológico que já houve no planeta.
Os catadores venderam o objeto para um ferro-velho, onde a cápsula foi aberta, e o césio-137, um pó azul brilhante, acabou exposto. Segundo informações da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), quatro pessoas morreram em decorrência da radiação e outras centenas foram afetadas.
A exposição da radiação, por mais de 15 dias, fez com que ela se espalhasse por diferentes partes da cidade. Vários locais passaram por uma intensa descontaminação, e duas casas onde residiam os mais fortemente contaminados foram totalmente demolidas. Os operários que fizeram a limpeza desses locais escavaram-nos em uma profundidade de mais de 60 centímetros, e cada buraco foi preenchido com concreto.
Ao todo, estima-se que seis mil toneladas de material contaminado foram retiradas da capital, depositadas em tambores e enterradas em uma sede da CNEN em Abadia de Goiás.
Fonte: Site DM ANAPOLIS